terça-feira, 2 de abril de 2013

As Teias das Parcerias Público-Privadas (Parte II)

PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS COM PARCEIROS PRIVADOS 100% NÃO PÚBLICOS (Parte I)

 

Nesta investigação, das oitenta e três Parcerias Público-Privadas que estão publicados na Direcção Geral de Tesouro e Finanças, detectamos que existe algumas que não têm qualquer ligação directa ou indirecta do Estado. O que queremos dizer com isto, que o parceiro privado, que à partida seria uma empresa privada, têm na sua estrutura accionista empresas que sejam de capitais públicos (ou seja uma Entidade Pública Empresarial).

Na primeira Parceria Público-Privada que detectamos que estejam nesta parte do artigo que publicamos, encontramos uma sociedade que está a gerir a concessão de gestão do Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul, trata-se de um centro hospitalar de reabilitação como o Centro de Alcoitão. Mas o que deixa qualquer leitor fora do sério é o parceiro privado em causa, chama-se GP Saúde que têm na sua estrutura accionista a famosa Sociedade Galilei SGPS. Permitem-me que vos recorde quem era a Sociedade Galilei SGPS… Era a antiga Sociedade Lusa de Negócios, a ex-Dona do Banco Português de Negócios que deixou uma avultada dívida ao Estado com a Nacionalização e posterior Reprivatização de Sete Mil Milhões de Euros (7 000 000,00 Euros) aos contribuintes.

Além da dívida, esta mesma sociedade Galilei recebe Três Milhões de Euros (3 000 000,00 Euros) sobre esta concessão até Junho 2014 (precisamente no final do cumprimento do Memorandum da Troika), que totaliza um valor de Dez Mil Milhões de Euros (10 000 000,00 Euros) montante que é incomportável para o cidadão comum. Mas o mais interessante não é só o montante que se paga por esta concessão, são os administradores desta concessão.

António Monteiro de Lemos é administrador da Galilei e já desempenhou funções de liderança na TAP e na RTP e pelo que percebemos têm um cadastro limpo mas não são os casos de Eduardo Nuno Moniz e de Pedro de Albuquerque Mateus… Estes dois Administradores da GP Saúde têm cadastros muito negros enquanto administradores. Pedro de Albuquerque Mateus foi Administrador da Parque Expo e já foi Administrador da GP Saúde de Cascais que foi dada como insolvente pelo Tribunal do Comércio de Lisboa, em 5 de Janeiro de 2012 (há cerca de um ano) por dívidas. Eduardo Nuno Moniz também foi Administrador da GP Saúde de Coimbra que foi dada como insolvente pelo Tribunal de Coimbra, em 28 de Setembro de 2009, por também dívidas. Todas estas insolvências destas mesmas sociedades estão publicadas em Diário da República, como é procedimento perante o Código Administrativo na parte das Insolvências.

A segunda Parceria Público-Privada que detectamos na lista é a Sociedade Escala Braga. Para quem não sabe, é a concessão da gestão do Hospital de Braga e detectamos que esta mesma sociedade é detida pelo Espírito Santo Saúde, que é propriedade do Banco Espírito Santo (da Família do Espírito Santo em associação com o Crédit Agricole e o Banco Bradesco, do Brasil). Mas além desta concessão, reparamos que o Espírito Santo Saúde têm mais Parcerias Público-Privadas tais como a Sociedade Gestora do Hospital de Loures (Hospital Beatriz Ângelo) e Escala Vila Franca (Hospital de Vila Franca de Xira). Estas concessões de exploração e construção da Espírito Santo Saúde vão até 2040 (que é o fim da concessão da construção do Hospital de Vila Franca de Xira, que neste caso será a amortização do valor da construção tendo em conta que o Hospital já está aberto ao público) e no total o Grupo Banco Espírito Santo Saúde, recebe do Estado, de Trezentos, Vinte e Cinco Milhões, Novecentos, Vinte e Quatro Mil Euros (325 924 000,00 Euros) das seis Parcerias Público-Privadas que estão listadas na Direcção-Geral do Tesouro e Finanças.

Mas do Grupo Banco Espírito Santo, ao qual o Espírito Santo Saúde está integrado, não fica por aqui… mais à frente contar-vos-ei…

O seguinte da lista de Parcerias Público-Privadas que detectamos, encontramos a famosa concessão para a exploração do serviço de transporte suburbano de passageiros no Eixo Ferroviário Norte-Sul, que é como quem diz, é a famosa linha ferroviária da Ponte 25 de Abril que é explorada, como todos nós sabemos, pela empresa Fertagus. Mas o que o comum leitor desconhece é quem são os accionistas da Fertagus… Mas a resposta é Grupo Barraqueiro.

O Grupo Barraqueiro é um dos responsáveis pela maior frota de autocarros de passageiros suburbanos e interurbanos da Região de Lisboa.

Ao verificamos a estrutura accionista do Grupo Barraqueiro, onde se encontra a Fertagus, encontramos duas empresas que pertencem à Sociedade Joaquim Jerónimo – Transporte Ferroviário de forma directa e indirecta, através da empresa CGDP, S.A. que pertence ao Grupo Barraqueiro. Mas ao longo da hierarquia das sociedades, verificamos que a Sociedade Joaquim Jerónimo – Transporte Ferroviário é detida a 100% pela empresa Rodoviária de Lisboa, S.A.

A Rodoviária de Lisboa é uma das empresas que foi Nacionalizada em 1975, logo após o 25 de Abril de 1974, a antiga Rodoviária Nacional, EP, e por sua vez Privatizada em 1991 terminando a designação de Rodoviária Nacional por várias empresas Rodoviárias. A Rodoviária de Lisboa faz a exploração do serviço suburbano dos Concelhos de Lisboa, Odivelas e Loures.

Mas a teia do Grupo Barraqueiro não fica só por aqui…

A mesma Rodoviária de Lisboa é detida pela empresa Barraqueiro Transportes que é proprietário de várias sociedades conhecidas por vários utilizadores de serviço de passageiros do país. Tais como a Rodoviária Tejo, Rodoviária do Alentejo, a EVA Transportes, a RENEX, a Isidoro Duarte, a Rede Nacional de Expressos, a Frota Azul e também a segunda Parceria Público-Privada que detectamos, o Metro Transportes do Sul, S.A. (que é detida em 34% das acções) que faz a exploração da concessão do Metropolitano Ligeiro de Superfície da Margem Sul do Tejo.

Com esta teia, só da concessão da Fertagus, têm um encargo para o Estado de Mil, Duzentos e Quarenta e Cinco Milhões e Seiscentos Mil Euros (1 245 600 000,00 Euros) para exploração durante 20 anos e que foi celebrado o contracto no Governo de António Guterres, portanto desde 1999 até 2019. Este mesmo montante, vai directamente para o Grupo Barraqueiro sem que seja distribuído pelos seus outros accionistas que possam estar envolvidos. E da concessão do Metro Sul do Tejo, recebe Noventa e Um Milhões, Trezentos e Cinquenta e Oito Mil Euros (91 358 000,00 Euros) dos Duzentos, Sessenta e Oito Milhões e Setecentos Mil Euros (268 700 000,00 Euros) que são distribuídos pelos restantes accionistas (a Siemens Portuguesa e Alemã, Ascendi Group [Mota-Engil e Grupo Espírito Santo], Ensulmeci, Teixeira Duarte e Sopol) que mais à frente desenvolverei mais sobre os restantes accionistas da Sociedade Metro Transporte do Sul, S.A.
 
Na próxima Quinta-Feira, iremos continuar a desenvolver sobre subtema das Parcerias Público-Privadas que estão na alçada, a 100%, das empresas privadas.

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