segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O que os Cidadãos não devem saber pela boca dos Ministros, Economistas e Jornalistas

No passado dia 23 de Janeiro, os portugueses (pelo menos os mais informados) tiveram acesso ao documento da Síntese de Execução Orçamental fornecido pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO). Mas há algumas considerações que quero esclarecer os portugueses, em geral, sobre este festival de ‘foguetório’ dado pelo Governo e amplificado pela comunicação social…


Em primeiro lugar, os jornalistas foram incompetentes (Sim! Foram incompetentes!) em ter feito uma das informações mais mal feitas ao longo da história da Comunicação Social Portuguesa. Já eram 09:00, e a SIC estava a adiantar o valor do défice de 2013 da despesa pública do Estado Português de 4,5/4,6%. Todos os outros órgãos de comunicação social, inclusive a própria RTP (paga pelos nossos impostos), foi tudo atrás de uma informação que não passou de uma enorme fuga provocada por funcionários da DGO ou até mesmo de um dos assessores do Ministério das Finanças para provocar pânico (que neste caso, um abrir de garrafa de champanhe sem necessidade…) para a população portuguesa.

Em segundo lugar, a Antena 1 (RTP), no seu programa interactivo «Antena Aberta», apresentado pelo Jornalista António Jorge, deixou permitir com que os cidadãos se debatessem com esta notícia que não era oficial nem havia documentos que pudessem provar tal proeza do Governo para o ano de 2013. O programa foi emitido por volta das 11:00, quando de repente aparece um ouvinte (já que o leitor deve saber quem é…) que denuncia que é impossível estar analisar com os ouvintes uma notícia onde não havia nenhum documento oficial. Mas em todo o caso, disse algumas informações que deveria de ser do conhecimento público e que por vezes é esquecido por economistas e jornalistas da área da economia.

Em terceiro lugar, o documento da Síntese de Execução Orçamental, só foi tornado público às 13:30 no sítio da internet da DGO a todos os cidadãos, incluindo jornalistas, como é dever de um organismo público pagos pelos contribuintes. E no fim de todas as teorias e vaticinações por parte dos editores de economia da comunicação social em geral, afinal o défice de 2013 ficou-se nos 5% que é nos limites da última meta acordada com o Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.


O Governo, e o partido do Governo (PSD), andou todo o dia a lançar foguetes para os cidadãos a dizerem que estão a cumprir com o memorandum quando na realidade se esquecem de alguns detalhes concretos que os cidadãos não sabem, ou se calhar não é para dizer…

Em 2013, houve uma obrigação do tesouro contraída pelo Governo de António Guterres, de cerca de 9 Mil Milhões de Euros, foi amortizada definitivamente durante o ano de 2013 mas o que todos se esquecem são alguns valores. Em Janeiro de 2013, a dívida do Estado Português estava nos 223 Mil Milhões de Euros, que era de 125% do PIB (de 2012), e em Janeiro de 2014, até há data deste artigo, a dívida pública localiza-se nos 217 Mil Milhões de Euros, que é menos 6 Mil Milhões de Euros homologamente, que é de 132% do PIB (de 2013)!

Não haja dúvida que encontramos reduções no montante da dívida mas a nossa produtividade continua muito em baixo! Se comparamos a dívida pelo PIB de 2012, reduzimos para os 122% (menos 3%) mas estamos mais do que isso porque a nossa produtividade baixou em cerca de 9%. Mas há outro factor que permite explicar aos cidadãos esta redução do PIB…

Alguém se recorda quantos cidadãos estavam estimados a trabalhar no final de 2012…? Eu respondo, 4 634 700 pessoas. E no final de 2013…? Dados do 3º Trimestre de 2013 (tendo em conta que só teremos a actualização na segunda quinzena de Fevereiro de 2014) 4 553 600 pessoas que resulta uma redução de 81 100 postos de trabalho e na qual estima-se que estaremos próximos dos 85 mil a 90 mil postos trabalho extintos ao longo de 2013.

Agora questiono, há razões para tanto alarido…? Mas há outro detalhe para que todos possamos reflectir…

Os portugueses bem podem tirar o cavalo da chuva da ideia que o Governo e os Partidos que suportam o Governo (que estão muito bem manipulados, diria eu…) vão reduzir a austeridade, porque não é verdade! Se não vejamos…

O Memorandum da Troika é um empréstimo obrigacionista de 1080 dias (ou seja 3 anos, se bem se recordam…) que foi iniciado a 12 de Maio de 2011 e que têm o seu término a 12 de Maio de 2014. Alguém ainda se lembra qual foi o valor de empréstimo…? A maioria já se esqueceu… São 78 Mil Milhões de Euros a uma taxa de juro contratada de 4%... No dia 13 de Maio, data que se prevê que seja o início da liberdade do Memorandum, a dívida do Estado Português salta dos 217 Mil Milhões de Euros para os 136 Mil Milhões de Euros, que é 83% do PIB. Mas mais duas obrigações do tesouro contraídas pelos Governos de Durão Barroso e José Sócrates no valor total de cerca de 14 Mil Milhões de Euros até ao dia 15 de Outubro. Assim desta forma, a dívida pública reduz dos 136 Mil Milhões de Euros para uns cómodos 114 Mil Milhões de Euros, que é 69% do PIB e sem contar com as emissões de bilhetes de tesouro que são emitidas entre Abril a Outubro o que iremos acabar com o ano de 2014 com uma dívida a rondar 126 Mil Milhões de Euros, que é 76% do PIB. O que significava, que em 2015 há condições para haver uma redução de impostos em sede IRS e, possivelmente, do IVA que é considerada uma medida eleitoralista quando não são criados postos de trabalho e melhores condições para os cidadãos poderem contribuir para a redução da dívida privada de Portugal.

Acham que a austeridade vai terminar para depois do Memorandum…? É claro que não!...

terça-feira, 30 de julho de 2013

Será o fim ou um simples até já…?

O inevitável aconteceu…

Há 5 anos e meio, iniciamos uma odisseia de comentar tudo o que tenha a ver com o país. Havia muita matéria para escrever, para reflectir, para comentar. Esta é a génese do MC Coment.

Assistimos dois governos diferentes, governos que foram legitimamente sufragados pelos eleitores mas o esclarecimento foi sempre colocado de lado.

Também temos uma quota-parte de bons momentos, desde o surgimento, à ascensão e agora à queda. Queda essa que não estava nos nossos planos mas que podia ser evitado se tivéssemos concretizado mais coisas.

Criamos um canal de televisão a pensar haver produção própria… mas isso não veio a concretizar. Mas trabalhou-se para que se concretizasse isso. Criamos serviços públicos informativos e de cidadania participativa. Estivemos presentes em manifestações e intervenções públicas na Assembleia da República. Passamos a ter uma conta de Twitter e Facebook para ampliarmos a nossa visibilidade e conseguimos chegar a mais público.

Conquistamos a confiança de cerca de 15 mil visitantes, que por todo o mundo partilhou, comentou, reflectiu mas deixou uma marca para a maioria das pessoas.

Consideramos que conquistamos muito e ganhamos muitas coisas. Louvamos todos aqueles que nos lêem e que sempre encontraram neste blog um porto de abrigo ou até mesmo um local onde se denuncia os ‘podres’ da nossa sociedade portuguesa. Mas agora, vai ser silenciado…

O silêncio que vamos iniciar vai ser ensurdecedor, para não dizer que vai ser incomodativo e sobretudo indignante mas faremos os possíveis para voltarmos e recuperamos em melhores condições e em força.

Tínhamos objectivos interessantes desde da concretização de emissões de televisão com directos de exterior, participar mais activamente na Sociedade Portuguesa e sermos aquela voz das pequenas vozes que não se ouvem. Hoje podemos não ter concretizado mas desejamos que muito em breve retornemos já com tudo concretizado.

Mas as razões para nos despedirmos, seja ele para sempre ou dizemos um simples ‘até já’, resume-se a esta situação.

Como é do conhecimento de todos, este blog têm um autor. O seu autor que têm dado a cara a tudo e têm tido a coragem (dizem alguns…) de enfrentar muitos ‘podres’. O seu autor têm um nome, Miguel Couto.

Nos últimos anos, fiz frente a vários responsáveis políticos e sociais ao qual lhes encostei à parede por não assumirem os seus compromissos como responsáveis públicos e/ou políticos durante os seus actos e criticar pelos comportamentos anti-sociais. Recordo-me de ter sido muito intransigente contra Eduardo Cardadeiro, ex-Administrador da ANACOM que estava responsável pela implementação da TDT em Portugal, contra Manuel Luís Goucha, apresentador, homem demasiado infantil para não dizer hipócrita e péssimo comunicador em televisão, e contra Vítor Gaspar, ex-Ministro das Finanças do actual Governo a quem tive o privilégio de lhe oferecer uma panela de pressão abismal que rebentou 4 meses depois de ter entregado.

Bem vistas as coisas, ataquei muitos podres… Denunciei as Parcerias Público-Privadas ruinosas para os contribuintes e para o país. Apresentei soluções alternativas à política de austeridade sobre as pessoas e por fim actualizei o valor da dívida pública portuguesa para elucidar a opinião pública do que estamos envolvidos.

A vida é uma luta constante em que temos momentos de glória e momentos de derrota. Nas vitórias sempre mantive a serenidade da vitória mas na derrota também encontrei a serenidade mas não renunciando na derrota. E o final de vida deste blog, é para mim uma derrota pessoal.

Vou-vos denunciar uma situação que a Sociedade não está bem informada e muito menos têm conhecimento de causa no terreno. Vou-vos falar sobre a pobreza em Portugal.

Como sempre, denunciamos sobre o desemprego e critiquei de forma dura sobre as políticas de combate ao desemprego que têm sido desastroso. Todos prometem o mesmo mas nos efeitos práticos são impraticáveis porque se não vejamos. Na realidade temos mais de um milhão de pessoas sem trabalho, muitas delas famílias inteiras que viram os seus sonhos de uma reforma sossegada e sobretudo tranquila, sabendo que trabalhou muito para conseguir estar mais tranquilo. Mas infelizmente, as famílias portuguesas já estão a retornar os filhos, os netos e os bisnetos (em alguns casos) para casa dos familiares que enfrentaram o antes do 25 de Abril e conviveram bem de perto o anterior regime político instalado em Portugal.

Mas a maioria não questiona isto, como estão estas famílias? Será que o rendimento disponível dá para alimentar tantas ‘bocas’…?

Nos últimos dois anos, os reformados têm sido dos mais castigados pelas medidas de austeridade desenfreada por este Governo. Foi este mesmo Governo que comprometeu-se com os cidadãos, a quando as Eleições Legislativas de 2011, que não iria aumentar impostos, não iria cortar os subsídios de férias e de Natal a ninguém… e o inevitável veio por contrariar estas promessas de não fazer.

De dia para dia, o rendimento disponível das pessoas, sejam elas individualmente ou colectivamente, foi reduzindo ao ponto de terem que rever as suas despesas mensais. Todos nós recebemos a mensagem hipócrita do Primeiro-Ministro de que «os portugueses viveram muito acima das suas possibilidades». Quando todos ouviram esta frase, os portugueses responderam e reanalisaram as suas despesas mensais, e em muitos casos até diárias, e cortam mas ouvem pela segunda vez a mesma mensagem do Primeiro-Ministro. Mas uma vez, os portugueses voltam a rever as coisas e continuam a cortar ainda mais. Quando chegou à terceira vez, a maioria responde: - Mais ainda?! Eu já cortei em tanta coisa e ainda quer que eu corte mais…?!

Pois é, os portugueses começaram a empobrecer porque continuamos a assistir a várias agressões aos cidadãos quando existe um documento que diz «o sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice, invalidez, viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho». Para quem não sabe, o que citei é o n.º 3 do Artigo 63º da Constituição da República Portuguesa.

Nos últimos anos, os níveis de pobreza, foram aumentando porque não há postos de trabalho para todos e, obviamente, menos rendimento disponível. As famílias já se ajudam muito mas há uma entidade que não está a corresponder ao que está previsto na Constituição – O ESTADO.

Todos fazem críticas ao Rendimento Social de Inserção, mas esquecem-se qual é a lógica desta prestação social que não deveria de ser considerada familiar mas sim individual. Na lógica do n.º 3 do Artigo 63º, o Estado deveria de asseguram os cidadãos com rendimentos reduzidos e sobretudo criar mecanismos para que correspondem ao Artigo 58º (sobretudo o n.º 2 do mesmo artigo que acabo de referir). Mas o que têm feito o Estado? Nada! Mas a maioria das pessoas não sabe quando é que recebe por mês quem receber esta prestação? Mas eu respondo, 177 Euros.

Todos questionam: Como se consegue viver com 177 Euros por mês para pagar casa, comida, água, luz, gás e higiene…? 177 Euros por mês não é nada! Mas o que interessa é que muitas das pessoas criticam que as pessoas não deveriam de receber mais dinheiro do Estado porque não querem trabalhar mas se analisarmos todos os indicadores de emprego, mercado de trabalho disponível e exigências que estão a ser solicitadas há muitas irregularidades que foram criadas pelos governantes. Mas desde quando é que certas profissões, por exemplo, precisam de carta de condução quando não sai do local de trabalho? Porque que pedem de habilitações liderarias mínimas 12º ano se há muitos postos de trabalho podem ser ocupados por pessoas com o 9º ano de escolaridade? Porque colocam anúncios a procurarem operadores quando querem é vendedores…? Há muitas interrogações que permite demonstrar que o Estado não está a regular o mercado de trabalho como diz a alínea b) do n.º 2 do Artigo 58, que cito: «A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais».

O que estamos a assistir é um manancial de disparates que ninguém dá conta, ninguém repara e ninguém actua para evitar situações de emprego precário, que é o ‘pão nosso de cada dia’, de contractos temporários de muito curto prazo e de ausência de garantias de pleno emprego que é exigido na alínea a) do nº2 do artigo que indiquei há pouco. 177 Euros não é nada, mas pelo menos podia ajudar a muitos cidadãos a encontrarem uma pequena esperança para sair da pobreza.

Mas o que é certo, é que a Constituição diz que é dever do Estado garantir a Segurança Social e Solidariedade aos cidadãos mesmo em caso de diminuição de rendimentos dos cidadãos!

Os cortes cegos que os Governos fazem sobre prestações sociais que também combatem a pobreza e a exclusão social é um atentado à dignidade da pessoa humana que nenhum cidadão parou para pensar! Todos reclamam um direito ao trabalho, que é legítimo, que têm direito a uma saúde gratuita e educação gratuita, que é também legítimo, mas não é capaz de exigir uma Segurança Social equilibrada e justa para todos os cidadãos? Então o Estado não somos todos nós…? Então porque queremos criar mas pobres ao retirar 177 Euros mensais…?

É nisto que me indigna e é por isto que este blog chega ao fim. Porque não há condições financeiras para continuar a ter um acesso a internet e poder escrever as minhas opiniões e reflexões sobre o dia-a-dia de todos os cidadãos e da vida de um Estado.

Mas questiono, se um dia destes vocês ficarem sem trabalho, ninguém lhe dá trabalho, chega à Segurança Social e pede ajuda e lhe dão 177 Euros, acha que consegue viver…?

Tendo em conta a total indignação por violarem artigos da Constituição, e como forma de despedir publicamente do MC Coment, durante a 4ª feira, dia 31 de Julho, último dia de trabalho útil antes de todos irem de férias, irei entregar 6 cartas com o mesmo texto. Texto esse que invoca alguns artigos da Constituição que acabo de citar, bem como recordar outros dois artigos que já em anteriores publicações já mencionei e o Artigo 21º na qual tenho o direito à resistência. Convidamos a todos os leitores a despedir do MC Coment entre as 14:00 e as 17:00 a fazer uma caminhada por Lisboa. Iniciamos às 14:00 na Praça de Londres entregar a carta ao Ministro Pedro Mota Soares, Ministro do Emprego e da Segurança Social, seguiremos para no Terreiro do Paço entregar a carta à Ministra Maria Luís Albuquerque, Ministra das Finanças. Continuamos na Rua da Horta Seca entregar ao Ministro António Pires de Lima, Ministro da Economia, seguido para o Palácio de São Bento entregar a carta ao Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho. E terminamos na Rua Pau de Bandeira, na Lapa, para entregar a carta ao Provedor de Justiça e termino o périplo de 14 quilómetros durante duas horas e meia a pé ao Palácio de Belém para entregar ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Podem aceder à carta que vai ser entregue em https://docs.google.com/file/d/0B-K2Djn1dEh5b0NMY2VZR1lIQUk/edit?usp=sharing e documentarem-se o suficiente. São três páginas fundamentadas e que denuncia os actos irregulares por parte do Estado em matéria Constitucional.

Como forma de despedida, quero agradecer a solidariedade de todos e o carinho de todos os que acompanharam e me consideram um seu par que nunca pensou em si, porque a Cidadania e a Democracia só se faz com pessoas que saibam exigir os seus direitos e os direitos dos seus pares.

E é assim que se cala uma voz…


Até breve…



CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

Artigo 21.º
(Direito de resistência)

Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.


Artigo 22.º
(Responsabilidade das entidades públicas)

O Estado e as demais entidades públicas são civilmente responsáveis, em forma solidária com os titulares dos seus órgãos, funcionários ou agentes, por acções ou omissões praticadas no exercício das suas funções e por causa desse exercício, de que resulte violação dos direitos, liberdades e garantias ou prejuízo para outrem


Artigo 26.º
(Outros direitos pessoais)

1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.

2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a obtenção e utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias.

3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na experimentação científica.

4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo ter como fundamento motivos políticos.


Artigo 48.º
(Participação na vida pública)

1. Todos os cidadãos têm o direito de tomar parte na vida política e na direcção dos assuntos públicos do país, directamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos.

2. Todos os cidadãos têm o direito de ser esclarecidos objectivamente sobre actos do Estado e demais entidades públicas e de ser informados pelo Governo e outras autoridades acerca da gestão dos assuntos públicos.


Artigo 58.º
(Direito ao trabalho)

1. Todos têm direito ao trabalho.

2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover: 

a) A execução de políticas de pleno emprego;
b) A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais;
c) A formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores.


Artigo 63.º
(Segurança social e solidariedade)

1. Todos têm direito à segurança social.

2. Incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança social unificado e descentralizado, com a participação das associações sindicais, de outras organizações representativas dos trabalhadores e de associações representativas dos demais beneficiários.

3. O sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice, invalidez, viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho.

4. Todo o tempo de trabalho contribui, nos termos da lei, para o cálculo das pensões de velhice e invalidez, independentemente do sector de actividade em que tiver sido prestado.

5. O Estado apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a actividade e o funcionamento das instituições particulares de solidariedade social e de outras de reconhecido interesse público sem carácter lucrativo, com vista à prossecução de objectivos de solidariedade social consignados, nomeadamente, neste artigo, na alínea b) do n.º 2 do artigo 67.º, no artigo 69.º, na alínea e) do n.º 1 do artigo 70.º e nos artigos 71.º e 72.º.


Artigo 117.º
(Estatuto dos titulares de cargos políticos) 

1. Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelas acções e omissões que pratiquem no exercício das suas funções.

2. A lei dispõe sobre os deveres, responsabilidades e incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, as consequências do respectivo incumprimento, bem como sobre os respectivos direitos, regalias e imunidades.

3. A lei determina os crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, bem como as sanções aplicáveis e os respectivos efeitos, que podem incluir a destituição do cargo ou a perda do mandato.


O Documento da Constituição da República Portuguesa pode ser consultado em http://www.tribunalconstitucional.pt/ gratuitamente.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O PSD passou a ser PSM? Ou União Nacional do Século XXI?



Para quem não sabe, o PSD têm uma matriz ideológica tendencialmente de esquerda (apesar de não concordar com essa dicotomia esquerda-direita) em que preza os valores da Liberdade, Igualdade, Solidariedade e também o Humanismo.


Sá Carneiro, a Grande Referência da Social-Democracia Portuguesa, não olhava para os cidadãos, e para o país, de forma altruísta ou mesmo autista. Apesar de ter vindo do regime do Estado Novo, não deixou de ser um líder liberal, da Ala Liberal da Assembleia Nacional, num país sob efeito de uma ditadura de Salazar. Com o 25 de Abril, os portugueses não o consideram um traidor à pátria e muito menos um fascista, por isso que não foi ‘à toa’ que faleceu a 4 de Dezembro de 1980, em Camarate.


Continuo a achar que Sá Carneiro morreu por um grupo de trapaceiros que foram melindrados na época dos factos e não foi um simples acidente de viação, como muitos apontam como tese, que causou a morte. Foi inclusivamente os mesmos trapaceiros que ‘engendraram’ esta morte sádica sem qualquer noção de futuro para Portugal.


39 Anos depois da queda do regime totalitarista e 32 Anos após a morte de Sá Carneiro, nos parece que a União Nacional voltou a gerir os destinos do país, disfarçado de Sociais-democratas e de Democratas Cristãos. E precisamente hoje, faz dois anos que o Governo de Pedro Passos Coelho foi eleito, ao que se diz, democraticamente e continuamos a assistir a um enorme desmantelamento do Estado tal como conhecemos.


Há dois anos, o país estava à beira do abismo com uma dívida pública demasiada elevada e com promessas irrealistas de crescimento, emprego e investimento e foi por isso que se despoletou dois acontecimentos: Eleições e Pedido de Ajuda Externam Financeira (PAEF; Troika).


Passados dois anos o que verificamos…? O mesmo que há dois anos. Mais desemprego, menos investimento, menos crescimento e uma asfixia económica, financeira e social.


Voltemos para o PSD…


Passos Coelho tentou capitular o poder do partido, pela primeira vez, em 2009. Só que os militantes decidiram escolher Manuela Ferreira Leite, a velha senhora que os portugueses não gostavam, mas eu considero que esta ‘velha senhora’, no seu momento oportuno, chamou a atenção das coisas e sobretudo o caminho que o país estava a seguir.


Mas o que o país estava a esquecer, é que no contexto em que vivamos em 2009, e que hoje continua, era preferível ter um Governo de Economistas e Fiscalistas sérios e que já têm um historial completo das finanças públicas do Estado, com soluções para o combate ao desemprego e ao défice. Não é com a desculpa por ter sido uma má Ministra da Educação, em mandatos de Cavaco Silva, e uma má Ministra das Finanças, no mandato de Durão Barroso, que não tentou acautelar os interesses nacionais porque o problema foi o excesso de ganância dos líderes dos Governos. Vejam como foram os finais de mandatos destes Governos todos…? Deixa dívidas para o governante que vier…


Passos Coelho, que se julga que é um bom gestor, julgava que também era assim, mas no fim faz precisamente o contrário. Por isso que capitulou o poder do partido em 2011 com a eleição legislativa de Junho de 2011.


Como recordamos, as medidas eleitorais que foram apresentadas e sufragadas aos portugueses pelo Pedro Passos Coelho, e sua equipa de trapaceiros, é que não podiam ser executáveis com um Memorandum, que foi considerado por Vítor Gaspar como um documento ‘mal desenhado’, e com as exigências externas que impunham uma receita à base de austeridade, empobrecimento e redução de um Estado Mínimo (que ninguém sabe o que é isso).


Qualquer comum cidadão e também qualquer comum militante de matriz Social-democrata da sua génese fundadora (a de Sá Carneiro, claro!) verifica que tudo o que foi apresentado não está na base dos valores criados na matriz ideológica, se não vejamos no Artigo 1.º dos Estatutos do Partido Social Democrata que está actualmente em vigor:


«1 . O Partido Social Democrata tem por finalidade a promoção e defesa, de acordo com o Programa do Partido, da democracia política, social, económica e cultural, inspirada nos valores do Estado de Direito e nos princípios e na experiência da Social-Democracia, conducentes à libertação integral do homem.»


Mas desde quando é que o Programa do Partido se enquadra nestes valores? Será que não estamos esquecidos do que foi o PSD no passado e do que é o PSD na Sociedade Portuguesa? Mas desde quando é que, com Passos Coelho na liderança, existe democracia política, social económica e cultural, com base nos valores do Estado de Direito, junto dos militantes, apoiantes e sobretudo dos cidadãos…?


Recentemente, estamos confrontados com uma polémica, que se chama Lei de Limitação de Mandatos Autárquicos, ao qual ninguém do Governo se disponibiliza a rectificar ou, até mesmo, clarificar a lei para podermos analisar algumas candidaturas que consideramos ilegais, à luz das decisões dos tribunais que já se pronunciaram. Mas que PSD é este que não aceita que a acção popular dos cidadãos, seja de forma individual ou colectivamente, que está prevista na Constituição (através do Artigo 52.º), em apresentar providências cautelares ou queixas que demonstram claramente que o PSD não está a cumprir o que está previsto na Lei de Limitação de Mandatos Autárquicos.


Onde está a liberdade que os Estatutos prevêem…?


Continuamos a analisar o Artigo 1.º dos Estatutos do Partido Social Democrata…


«2. O Partido Social Democrata concorrerá, em liberdade e igualdade com os demais partidos democráticos, dentro do pluralismo ideológico e da observância da Constituição, para a formação e a expressão da vontade política do Povo Português.»


Será possível que este grupo que continua a apoiar esta liderança do PSD continua esquecido desta regra tão básica que é o pluralismo ideológico e sobretudo cumprir com a Constituição, documento que pelos vistos é abominável no seio destes senhores, esquecendo-se que foi o PSD em conjunto com o PS e com o PCP, em 1974, que concordavam com esta Constituição e que reviram a Constituição para agradar algumas ‘clientelas’? Quantas vezes o Orçamento de Estado foi chumbado pelo Tribunal Constitucional ao longo deste dois anos? Será que ainda não aprenderam a lição à primeira…?


Onde está a democracia que respeita a vontade política do Povo Português? Se os Portugueses dizem ‘este caminho que estamos a seguir está errado!’ porque continuam a ser teimosos em continuar? Será que estão esquecidos que o Artigo 2.º da CRP, que passo a citar, «a República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na SOBERANIA POPULAR, NO PLURALISMO DE EXPRESSÃO e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa»?


A partir do momento que censuram vários militantes do PSD por acusar a direcção do PSD por não respeitar a vontade dos cidadãos em várias matérias, e sobretudo, apontar os erros grosseiros ao qual os apoiantes destas trapalhadas, que fazem todos os dias, continuam a acreditar de forma grosseira, acham que as diferentes opiniões não contam para o pluralismo de expressão? Vejam as declarações públicas de vários militantes do PSD, que deveriam de serem expulsos do partido com justa causa:


«O que vemos aqui é que há… São os militantes de base que continuam a apoiar o PSD, continuam a apoiar o Governo…»
Miguel Poiares Maduro, Ministro-Adjunto, RTP, 4 de Maio de 2013, 39.º Aniversário do Partido Social Democrata.


«Só faz falta quem cá esta! E portanto… Julgo que foram todos convidados… antigos presidentes… portanto o que lhe posso dizer…?»
Margarida Lopes, Vice-Presidente da Comissão Política Nacional do PSD, RTP, 4 de Maio de 2013, 39.º Aniversário do Partido Social Democrata.


«Creio que a palavra-chave aqui é verdade. Nós estamos hoje em condições de poder ter um futuro que é necessariamente mais risonho, com mais esperança, mas isso não significa aqui uma perspectiva de facilidade. Eu não tenho dúvidas de que o país está melhor hoje do que há dois anos
Luís Montenegro, Líder da Bancada do PSD na AR, Jornal Sol, 3 de Junho de 2013, 2º Aniversário da Eleição do Governo.



Mas onde andam estes três senhores com a cabeça…? 75% dos militantes do PSD estão a ter ordem de expulsão do PSD por conveniência destes senhores e sobretudo por respeitarem regras tão básicas como por exemplo o pluralismo e por não se reverem nestas políticas e, sobretudo, de mentiram descaradamente a estes mesmos 75% dos militantes do PSD com uma ideia de verdade quando não falam a verdade. Mas o mais interessante, é que estamos próximos de eleições autárquicas, em que é uma grande prova de fogo de como os cidadãos confiam neste Governo ou não, é que se verifica o maior número de candidaturas independentes ao qual os partidos (e não é só o PSD o único na berlinda) não lhes deram qualquer tipo de crédito, ainda, por cima, maioria deles residentes nos concelhos para o qual se candidatam.


Mas deixem-me recordar duas alíneas que são claras pelo não respeito do que já falamos…


«3. O Partido prossegue os seus fins com rigorosa e inteira observância das regras democráticas de acção política, repudiando quaisquer processos clandestinos ou violentos de conquista ou conservação do poder.

4. O Partido não têm carácter confessional.»


Conclusão disto tudo:


1. – É falso que cumprem as regras democráticas!


2. – É notório que fizeram um processo clandestino de conquista e sua respectiva conservação do poder dentro de um partido que se diz, de matriz Social-Democrata.


3. – Se o Partido não têm carácter confessional, porque a direcção do PSD é toda ligada à Maçonaria, que é uma associação secreta com actos contra o Estado de Direito que se tenta colocar em prática, desde da implantação da República? Se têm dúvidas, vejam quem é Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas, Luís Montenegro, Miguel Poiares Maduro, Luís Filipe Menezes e Francisco Pinto Balsemão…


4. – Porque esta direcção não têm vergonha em rebaptizar o partido de Partido Social Democrata para Partido Social Maçónico (PSM)? Ou até mesmo serem os poucos resquícios do Partido do António de Oliveira Salazar, a União Nacional?


É por essas e por outras que a história da morte de Sá Carneiro está a vir, cada vez mais, à tona, mesmo, em pleno Século XXI, onde a tecnologia já consegue desmitificar muitos enigmas da história de todos os tempos.


Fica a frase de um Sherlock Holmes: Quem matou Sá Carneiro são estes ‘pirralhos’ que capitularam o PSD.


«O Poder não se conquista pela Espada. Conquista-se pela responsabilidade, pela ética, pelos valores, pela solidariedade, pela dignidade e pela competência.»

Miguel Couto, 5 de Junho de 2013.


Post Script - Este artigo também estará publicado no Blog 'Os Envergonhados' ao qual tenho uma participação em alguns textos que aqui são publicados.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

As Teias das Parcerias Público-Privadas (Parte X)

AS CONCLUSÕES E O FUTURO SOBRE AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
 

Ao escrever estas conclusões, quero chamar a atenção que são as minhas opiniões pessoais, depois de descodificar todas as entidades que estão por detrás destas parcerias público-privadas, cada leitor pode tirar as suas conclusões pessoais apesar de que muito do que irei dizer vão comungar.

Em primeiro que tudo, fica provado que o Estado não têm dinheiro para tantos equipamentos públicos que possam servir os cidadãos. Auto-estradas, redes eléctricas, serviços de saneamento e águas, redes de gás e hospitais são necessárias mas concluo que existe bastantes abusos.

Em vários casos eu questiono: Entre o Porto e Aveiro (mais propriamente em Albergaria-a-Velha) são precisas três auto-estradas…? Portajadas…? Existe alguma vantagem financeira a existência de três auto-estradas…? Eu pessoalmente, não vejo nenhuma razão. Simplesmente é um mero esbanjamento desenfreado de dinheiros públicos para que os cidadãos não tenham alternativas viárias às auto-estradas pagas pelos utilizadores.

Faz algum sentido que as duas empresas do sector energético tenham alguns capitais públicos? Se queriam privatizar, privatizava tudo e não ficar com nada! Ou em alternativa, se se trata de gestão da rede, neste caso deveria de ser totalmente estatizada e não parcialmente como vemos. Em sectores onde se exigiu uma liberalização, o Estado deveria de ter o papel de regulador e não de regulador e proprietário, ao mesmo tempo, o que vicia as regras do jogo da liberalização. Vejam o sector da electricidade… Entre a EDP (que têm um accionista que têm presença do Estado, estou a referir o Banco Comercial Português) e os outros operadores que distribuem electricidade ao consumidor final, há alguma diferença de preços? Desde que iniciou-se a liberalização, eu já tinha reparado que não existe diferença em nada. Ao longo destes anos, vejo pessoas que consideram-se especialistas do sector energético, a defenderem a sua técnica de marketing da sua empresa em vez de darem as verdadeiras linhas orientadoras para a liberalização verdadeira e honesta do sector.

Não se admirem que as famosas rendas excessivas ainda não foram resolvidas! Porque há interesses obscuros, revelam que existe um lóbi instalado no sector da energia porque recebem o dinheiro do Estado através destas parcerias somando aos consumos que as famílias pagam! Se as famílias portuguesas tivessem mais posses financeiras para adquirir painéis solares ou pás eólicas para instalarem nas suas casas, muitas famílias conseguiriam poupar não só em electricidade, como também evitar recursos de produção de electricidade, através do carvão e do petróleo como a Endesa e a EDP aplicam, além das famílias tornarem-se auto-sustentáveis no que toca em electricidade, e em alguns casos no aquecimento.

No sector da saúde, sector em que o Estado têm um papel muito importante, e que deveria de ser um agente activo da defesa do Serviço Nacional de Saúde pago pelos contribuintes, não deveria de concessionar a privados, sobretudo a bancos, a construção e a exploração de um serviço que deve ser totalmente público e não privativo! Uma das lutas da República, e do agora regime democrático, é que a Educação e a Saúde fosse pública e acedida por todos com custos reduzidos ou até mesmo isentos porque seriam suportados pelo dinheiro dos impostos e agora todos os governos fazem precisamente o contrário do que se defende a República…?

Mas há casos que eu fico perplexo, é preciso haver um hospital em cada concelho da Área Metropolitana de Lisboa? Mas para quê…? Alguns concelhos da Área Metropolitana de Lisboa é que necessitavam urgentemente de hospitais públicos e que abrangem o maior número de pessoas como são os casos de Lisboa, Sintra, Loures e Mafra. Dois hospitais no concelho de Sintra (ou um em Sintra e outro na Amadora, para receber a parte mais oriental do concelho de Sintra), três em Lisboa, um em Loures e outro em Mafra não era suficiente para abranger? Para quê Cascais ter um hospital que só vai ser servido maioritariamente utentes do Concelho de Sintra? Para quê um hospital em Odivelas e outro em Loures se o Loures abrange Loures e Odivelas? Para quê só haver um Hospital de Santa Maria e o Novo Hospital de Todos os Santos (que têm autorização da Troika para construírem e explorarem em regime de Parceria Público-Privada) em Lisboa se os que já existiam serviam o suficiente para várias franjas do Concelho de Lisboa e também de Oeiras? Fica aqui a reflexão…

Mas o que mais incomoda são os beneficiários de dinheiros públicos…

Agora questiono ao caro leitor: Sabe porquê que o Banco Espírito Santo não pediu resgate financeiro, previsto no fundo de resgate de Doze Mil Milhões de Euros (12 000 000 000,00 Euros) concedido pela Troika? A resposta é, o BES é um dos maiores beneficiários das concessões de parcerias público privadas na saúde e nas auto-estradas com a Ascendi. São cerca de Dois Mil Milhões de Euros (2 000 000 000,00 Euros) que são dados dos contribuintes ao BES! Por isso que o BES nunca vai recorrer ao fundo! Mas o que é mais escandaloso, é a demasiada influência que a família Espírito Santo têm com os Governos da República e o excesso de informação privilegiada que os governantes cedem! Será que não poderiam cortar aqui o mal pela raiz…?

Mas o que também deixa incomodado são as parcerias público-privadas que são 100% estatizadas. O meu caro leitor deve questionar: para que servem essas…? Simplesmente para dar empregos aos ‘boys and girls da pior’ espécie que estão ligados aos partidos políticos com assento parlamentar central e local! Mas não é só os partidos do arco da governação!... Os partidos mais à esquerda como o Bloco de Esquerda e o PCP colocam, pelo menos, um dos seus amigos para prestar serviços de águas e saneamento nos concelhos que são liderados pelos seus autarcas!

Existe meio de evitar tudo isto? Claro que sim!

Já que se fala em cortar Quatro Mil Milhões de Euros (4 000 000 000,00 Euros), que se diz que a Troika exige, e agora com os cerca de Mil e Trezentos Milhões de Euros (1 300 000 000,00 Euros) com chumbo das medidas do Orçamento de Estado para 2013, o Estado pode, e deve, fechar estas empresas e delegar as competências às autarquias ou às Águas de Portugal, que têm a maioria das concessões! Esta cessação de curto prazo que pode ser aplicado custa aos contribuintes Seis Mil Milhões de Euros (6 000 000 000,00 Euros) que daria perfeitamente para pagar estes encargos que de última hora surgiram e ainda sobrava para gastar em rescisões ou até mesmo fazer a famosa Reforma do Estado.

Outra das medidas a ter que ser adoptada é apertar mais com as empresas que têm empresas em paraísos fiscais, como o Luxemburgo que foi citado anteriormente, para que o Estado tenha a capacidade de recuperar.

Nas Auto-Estradas, não se construía mais nenhuma auto-estrada e retroceder o Plano Nacional Rodoviário que definia as categorias das vias como já adoptam na Europa (hierarquicamente: auto-estradas, vias rápidas, estradas nacionais, estradas municipais e arruamentos urbanos).

Também temos um enorme escândalo que ainda está na memória dos portugueses, o escândalo do Banco Português de Negócios. Como sabemos, o buraco da fraude do BPN vai entre os 6 e os 7 Mil Milhões de Euros mas como ainda recebe Cinquenta Milhões, Seiscentos, Cinquenta e Seis Mil Euros (50 656 000,00 Euros) de concessões no sector da saúde e da segurança pública! Aqui o Governo deve colocar travões a fundo sobre a Galilei, apesar de haver concessões que estão previstas a sua caducidade de concessão já em 2014.

Agora pergunto ao nosso caro leitor:

- Não há indícios de violação clara dos artigos 22.º e 117.º da Constituição da República Portuguesa que cito-os:

 

ARTIGO 22.º

(RESPOSNABILIDADE DAS ENTIDADES PÚBLICAS)

O Estado e as demais entidades públicas são civilmente responsáveis, em forma solidária com os titulares dos seus órgãos, funcionários ou agentes, por acções ou omissões praticadas no exercício das suas funções e por causa desse exercício, de que resulte violação dos direitos, liberdades e garantias ou prejuízo para outrem.

(…)

ARTIGO 117.º

(ESTATUTO DOS TÍTULARES DE CARGOS POLÍTICOS)

1. Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelas acções e omissões que pratiquem no exercício das suas funções.

 

2. A lei dispõe sobre os deveres, responsabilidades e incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, as consequências do respectivo incumprimento, bem como sobre os respectivos direitos, regalias e imunidades.

 

3. A lei determina os crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, bem como as sanções aplicáveis e os respectivos efeitos, que podem incluir a destituição do cargo ou a perda do mandato.

 

A resposta que eu diria é SIM! Porque todos andaram a proteger os seus amigos que andaram envolvidos nestas mesmas empresas que são parceiros privados nestas mesmas parcerias. Vejam as influências que todos andaram envolvidos…? Alguém os pune…?
 
 
Post Scriptum - Assim que possível, em substituição deste post scriptum, será colocado um esquema da Teia das Parcerias Público-Privadas.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

As Teias das Parcerias Público-Privadas (Parte IX)


PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS COM PARCEIROS PRIVADOS 100% PÚBLICOS

Antes de iniciarmos esta parte, gostava de informar que houve um conjunto de parcerias público-privadas que hoje estão sobre a tutela de um parceiro privado parcialmente público mas que anteriormente eram 100% públicos.

Entretanto descobrimos que o sector da energia se tornou um alvo apetecível… Recordam-se das rendas excessivas para o sector na energia…? Pois é, temos mão da EDP.

A EDP – Energias de Portugal tem 5 parcerias público-privadas, das quais duas são de exploração da distribuição de electricidade no território nacional e a exploração da Barragem do Alqueva e três de construção das Barragens do Fridão e Alvito, Baixo Sabor e da Foz do Tua.

«Isto aqui precisa de cimento…» - José Sócrates, durante a visita das obras da Barragem da Foz do Tua com António Mexia, CEO (em português quer dizer Presidente do Conselho de Administração) da EDP. Cimento que arruína os portugueses com preços de electricidade ‘pornográficos’ que custam aos contribuintes, nestas 5 parcerias, Três Mil, Duzentos, Cinquenta e Quatro Milhões e Trezentos Mil Euros (3 254 300 000,00 Euros) com concessões até 2083 (que é precisamente no ano em que farei 100 anos de vida, se é que estarei ainda vivo até essa altura…).

Até agora, a EDP foi uma empresa estatizada mas até 13 de Março de 2013, mas com as vendas das acções à China Three Gorges e à Sonatrach (que cedeu as últimas acções do Estado) foi dada a conclusão do processo de privatização da eléctrica, mas vamos conhecer os seus accionistas, receptores…

A China Three Gorges, é uma empresa de capitais públicos chineses que têm como actividade a produção e distribuição de electricidade para os consumidores chineses. Têm importantes negócios fora da China no sector da electricidade e nas energias renováveis, que foi esse o objectivo desta mesma empresa derivado à EDP Renováveis, a empresa e energias renováveis do Grupo EDP. Detêm a maior fatia das acções, além daquelas que ficam dispersas em bolsa, com 21,35% e que recebe, além dos lucros dos consumidores de electricidade, Seiscentos, Trinta e Um Milhões, Seiscentos e Trinta Mil, Quarenta e Cinco Euros e Quarenta e Cinco Cêntimos (631 630 045,45 Euros) por estas cinco parcerias.

A Iberdorla, como já citamos anteriormente, é uma empresa estatal de capitais públicos espanhóis na distribuição de electricidade, equiparada à EDP e com negócios de venda de electricidade no mercado liberalizado de electricidade em Portugal. Têm 6,79% das acções da EDP e recebe destas cinco parcerias Duzentos e Vinte Milhões, Novecentos, Sessenta e Seis Mil, Novecentos e Setenta Euros (220 966 970,00 Euros). A Iberdrola já acumulou noutras parcerias Mil, Novecentos e Vinte Milhões, Novecentos, Sessenta e Seis Mil, Novecentos e Setenta Euros (1 920 966 970,00 Euros).

A Oppidum Capital é uma empresa sedeada em Espanha e está dividida pela Masaveu International, que é uma empresa familiar que se dedica em várias áreas (dos cimentos, argamassas, betões, escórias, pedreiras, imobiliário, adegas e vinhos, arte, na medicina detendo um instituto de medicina oncológica e molecular na região das Asturias – Espanha e de concessões de estacionamento de Espanha), em 52,9% da Oppidum Capital, e da Liberbank, que é uma instituição bancária espanhola da região das Asturias, Cantábria, Castela e La Mancha e Extremadura, em 47,1%. Desta forma, as cinco concessões da EDP (além dos lucros da venda da electricidade ao consumidor final) entrega 6,18% à Oppidum Capital que distribui Cento e Seis Milhões, Trezentos e Noventa Mil, Duzentos, Vinte e Seis Euros e Quarenta e Seis Cêntimos (106 390 226,46 Euros) à Masaveu International e Noventa e Quatro Mil, Setecentos, Vinte e Cinco Mil, Quinhentos e Treze Euros e Cinquenta e Quatro Cêntimos (94 725 513,54 Euros) ao Liberbank.

O José de Mello Energia (Família José de Mello), que detêm 4,6% da EDP e recebe Cento, Quarenta e Nove Milhões, Seiscentos, Noventa e Sete Mil e Oitocentos Euros (149 697 800,00 Euros). Que já acumula para a família José de Mello um total de Dois Mil e Dez Milhões, Oitocentos e Seis Mil e Três Euros e Cinquenta e Sete Cêntimos (2 010 806 003,57 Euros) com os negócios da BRISA.

A Senfora é uma empresa sedeada no Luxemburgo e que é o accionista totalitário da empresa International Petroleum Investment Company (IPIC) que é uma empresa pertencente ao Governo de Abu Dhabi. Têm uma posição de 4,06% e recebe Cento, Trinta e Dois Milhões, Cento, Vinte e Quatro Mil, Quinhentos e Oitenta Euros (132 124 580,00 Euros).

O Banco Comercial Português, que aqui está representado o banco e ao mesmo tempo o Fundo de Pensões do BCP (que é quem têm a preferência de voto na Assembleia de Accionistas da EDP) recebe, limpos, dos 3,35% da EDP, Cento e Nove Milhões, Dezanove Mi e Cinquenta Euros (109 019 050,00 Euros).

A Sonatrach, que é uma empresa Argelina de exploração de gás e petróleo na Argélia, deteve as restantes 2,38% que o Estado Português ainda detinha, recebe Setenta e Sete Milhões, Quatrocentos, Cinquenta e Dois Mil, Trezentos e Quarenta Euros (77 452 340,00 Euros).

O Banco Espírito Santo recebe da EDP, dos 2,38%, Setenta e Sete Milhões, Quatrocentos, Cinquenta e Dois Mil, Trezentos e Quarenta Euros (77 452 340,00 Euros) ao que já totaliza Mil, Novecentos e Sessenta Milhões, Novecentos, Setenta e Quatro Mil, Trezentos, Vinte e Sete Euros e Vinte Cêntimos (1 960 974 327,20 Euros).

A Qatar Holding, têm sede em Luxemburgo mas a empresa é da Qatar Investment Authority, é uma empresa de fundos do Qatar em diversas áreas, recebe, dos 2,27%, Setenta e Três Milhões, Oitocentos, Setenta e Dois Mil, Seiscentos e Dez Euros (73 872 610,00 Euros).

A Capital Income Builder e a (2,06%) Capital Reseach and Management Company (2,01%) são dois fundos de investimento norte americanos que recebem, respectivamente, Sessenta e Sete Milhões, Trinta e Oito Mil, Quinhentos e Oitenta Euros (67 038 580,00 Euros) e Sessenta e Cinco Milhões, Quatrocentos e Onze Mil, Quatrocentos e Trinta Euros (65 411 430,00 Euros).

E por fim, a BlackRock, que é uma empresa de fundos de investimento que detêm 2% e recebe, Sessenta e Cinco Milhões e Oitenta e Seis Mil Euros (65 086 000,00 Euros).

Recomeçamos a lista e vemos logo uma concessão, que diria muito interessante…

O Contracto de Concessão de Gestão do Centro de Atendimento do Serviço Nacional de Saúde…? De facto não lhe diz nada… Mas é a famosa Linha de Saúde 24! E agora perguntam: A quem está entregue para fazer esse serviço…? A Caixa Geral de Depósitos!

Desta feita, a CGD recebe do próprio Estado (que por sua vez têm de devolver) Quarenta e Seis Milhões e Seiscentos Mil Euros (46 600 000,00 Euros).

Entretanto a Caixa Geral de Depósitos detinha uma sociedade que geria hospitais e clínicas privadas, e tinha a gestão do Hospital de Cascais, a HPP Saúde. Na sequência do cumprimento do Memorandum da Troika que exigia que as participações no sector segurador e gestão hospitalar devam deixar de estar na alçada da Caixa Geral de Depósitos, vendeu a HPP Saúde a uma empresa de gestão hospitalar brasileira, Amil Participações.

A concessão do Hospital de Cascais, para a sua construção e exploração é para 2018 (construção) e 2038 (exploração) têm um custo total de Setenta e Dois Milhões de Euros (72 000 000,00 Euros).

Antes de finalizar temos as últimas 29 parcerias público-privadas que lhe vai deixar indignado…

11 Parcerias público-privadas que são empresas de resíduos sólidos urbanos de todo o país têm como accionistas a EGF – Empresa Geral do Fomento, que é detida a 100% pela empresa Águas de Portugal (que é uma empresa 100% estatal), e as Câmaras Municipais de todo o território Continental! Desta forma, estas concessões terminam entre 2021 e 2039 e têm um investimento global de Novecentos, Vinte e Seis Milhões e Trezentos Mil Euros (926 300 000,00 Euros). Mas isto não acaba por aqui…

13 Parcerias público-privadas que são empresas de distribuição de água por todo o país e têm como accionistas a Águas de Portugal (100% estatal) e as Câmaras Municipais de todo o país! Concessões que cessam entre 2026 até 2060 que totalizam Três Mil, Setecentos, Quarenta e Cinco Milhões e Seiscentos Mil Euros (3 745 600 000,00 Euros)

5 Parcerias público-privadas que são empresas de saneamento e tratamento de águas residuais urbanas das grandes áreas urbanas e que têm novamente como accionistas as Águas de Portugal e as Câmaras Municipais de todo o país. Concessões que duram entre 2020 e 2034 e que custam ao erário público Mil, Trezentos, Sessenta e Dois Milhões e Quinhentos Mil Euros (1 362 500 000,00 Euros)!

Agora admirem-se desta informação, os administradores destas empresas que representam os interesses das Câmaras Municipais são escolhidos pelos Presidentes de Câmara dependendo da sua cor partidária que lideram. Bloco de Esquerda, Partido Comunista, Partido Socialista, Partido Social Democrata, Partido Popular e independentes nomeiam sempre alguém da sua confiança política para estas empresas públicas parcerias privadas.

Entretanto há uma Parceria Público-Privada que têm concessão até 2034 para a gestão do sistema de identificação electrónica dos veículos nas portagens sem portageiro, as famosas ‘vias verdes’ nas ex-SCUTS. Foram celebradas pelo Governo de Sócrates e não existe qualquer montante de investimento mas foi para colocar alguns ‘amigos’ do Partido Socialista. Esperemos que um dia nos revelem o montante de investimento…
 
Na próxima Quinta-Feira, iremos apresentar as conclusões desta investigação com as soluções.