segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Povo envelhecido, povo esquecido...

Agora é o nosso «pão nosso de cada dia»... Morte de idosos dentro das suas próprias casas.
O problema da solidão na população idosa é um problema que convivo todos os dias. E permitem-me intervir sobre este tema, porque eu lidei de muito perto este problema. Eu não sou técnico da Segurança Social e nem quanto mais Assistente Social. O Caso da Idosa encontrada morta há nove anos na sua residência, na Rinchoa, freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra, é um entre milhares de casos que tenho estado a assistir junto da população idosa dentro das cidades e dos grandes aglomerados populacionais. Não conheço a senhora mas conheço muito bem o Concelho de Sintra e especificamente estas grandes freguesias do Concelho. O que não percebo é a demasiada passividade de muitos portugueses, eu até fico doente com isso... como é possível que muitas famílias têm familiares idosos (um pai, ou uma mãe, ou uma avó, ou um avô, ou mesmo um bisavó ou até mesmo um bisavô) que vivem mesmo em grandes cidades da mesma área metropolitana de Lisboa e do Porto, muitas das vezes a poucos metros entre eles, não podem tratar dos seus entes? Mas são capazes de reclamar o património mobiliário e imobiliário (dinheiro, casas e entre outros...) desses mesmos idosos!...
Hoje em dia não há moralidade sobre este tema mas para muitos portugueses acham imoral o casamento entre dois homens ou duas mulheres! Isto não se compreende! Em termos legislativos, não há responsabilidade civil sobre os familiares em tratar de idosos, mas em termos morais, existe. A moralidade e a legalidade têm uma distância muito grande mas estaria na hora de mudar esse paradigma!
Não há muito tempo, denunciei que existe muitos casos de não atribuição do Complemento Solidário para Idosos a muitos potenciais beneficiários porque o Governo não exige responsabilidade civil junto dos familiares mas acha-se no direito de não atribuir como forma de pressão. ISTO NÃO SE FAZ!
Falando por experiência própria, foi-me entregue durante um ano e meio, a responsabilidade de lhe levar o seu almoço a uma idosa na minha freguesia. Responsabilidade essa que nem a maioria da Sociedade Civil me elogia ou até mesmo me reconheça... que é de lamentar. (isto até nem passa na televisão) Durante o ano e meio em que entregava diariamente, seja Sábado, Domingo e Feriados, e fui analisando o caso desta idosa e enquanto o tempo foi passando fui dando conta de muitas coisas. Uma delas é o constante choro, chorava por tudo e por nada mas sem compreendermos quais as razões mas depois tinha dias que ficava mais alegre mas na grande maioria das visitas que fiz só chorava. Enquanto conversava, fui apercebendo que ela estava completamente só e que a própria família não lhe ligavam nenhuma. Era visitada por um amigo, que também fui dando conta que afinal se fosse amigo dela iria buscar o almoço à IPSS que se tinha disponibilizado em dar o almoço à senhora idosa.
No fim destes detalhes, cheguei à conclusão que se trata de «solidão extrema» por parte desta idosa! A Segurança Social sempre a ignorou a respectiva idosa, a Junta de Freguesia andou sempre a contactar e a respectiva Assistente Social que têm o caso desta idosa nunca estava no gabinete e nunca havia uma disponibilidade para reunir com a Junta para se resolver a situação. Em suma, existe muita negligência por parte da Segurança Social!
Quero deixar aqui o meu descontentamento por parte da Sociedade Civil e do Estado Português dizendo o seguinte: um povo envelhecido que não rejuvenesce é DEVER de tratar e estimar os nossos IDOSOS e não fazer CAIR NO ESQUECIMENTO EM QUANTO ESTÃO VIVOS!

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