quinta-feira, 18 de abril de 2013

As Teias das Parcerias Público-Privadas (Parte X)

AS CONCLUSÕES E O FUTURO SOBRE AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
 

Ao escrever estas conclusões, quero chamar a atenção que são as minhas opiniões pessoais, depois de descodificar todas as entidades que estão por detrás destas parcerias público-privadas, cada leitor pode tirar as suas conclusões pessoais apesar de que muito do que irei dizer vão comungar.

Em primeiro que tudo, fica provado que o Estado não têm dinheiro para tantos equipamentos públicos que possam servir os cidadãos. Auto-estradas, redes eléctricas, serviços de saneamento e águas, redes de gás e hospitais são necessárias mas concluo que existe bastantes abusos.

Em vários casos eu questiono: Entre o Porto e Aveiro (mais propriamente em Albergaria-a-Velha) são precisas três auto-estradas…? Portajadas…? Existe alguma vantagem financeira a existência de três auto-estradas…? Eu pessoalmente, não vejo nenhuma razão. Simplesmente é um mero esbanjamento desenfreado de dinheiros públicos para que os cidadãos não tenham alternativas viárias às auto-estradas pagas pelos utilizadores.

Faz algum sentido que as duas empresas do sector energético tenham alguns capitais públicos? Se queriam privatizar, privatizava tudo e não ficar com nada! Ou em alternativa, se se trata de gestão da rede, neste caso deveria de ser totalmente estatizada e não parcialmente como vemos. Em sectores onde se exigiu uma liberalização, o Estado deveria de ter o papel de regulador e não de regulador e proprietário, ao mesmo tempo, o que vicia as regras do jogo da liberalização. Vejam o sector da electricidade… Entre a EDP (que têm um accionista que têm presença do Estado, estou a referir o Banco Comercial Português) e os outros operadores que distribuem electricidade ao consumidor final, há alguma diferença de preços? Desde que iniciou-se a liberalização, eu já tinha reparado que não existe diferença em nada. Ao longo destes anos, vejo pessoas que consideram-se especialistas do sector energético, a defenderem a sua técnica de marketing da sua empresa em vez de darem as verdadeiras linhas orientadoras para a liberalização verdadeira e honesta do sector.

Não se admirem que as famosas rendas excessivas ainda não foram resolvidas! Porque há interesses obscuros, revelam que existe um lóbi instalado no sector da energia porque recebem o dinheiro do Estado através destas parcerias somando aos consumos que as famílias pagam! Se as famílias portuguesas tivessem mais posses financeiras para adquirir painéis solares ou pás eólicas para instalarem nas suas casas, muitas famílias conseguiriam poupar não só em electricidade, como também evitar recursos de produção de electricidade, através do carvão e do petróleo como a Endesa e a EDP aplicam, além das famílias tornarem-se auto-sustentáveis no que toca em electricidade, e em alguns casos no aquecimento.

No sector da saúde, sector em que o Estado têm um papel muito importante, e que deveria de ser um agente activo da defesa do Serviço Nacional de Saúde pago pelos contribuintes, não deveria de concessionar a privados, sobretudo a bancos, a construção e a exploração de um serviço que deve ser totalmente público e não privativo! Uma das lutas da República, e do agora regime democrático, é que a Educação e a Saúde fosse pública e acedida por todos com custos reduzidos ou até mesmo isentos porque seriam suportados pelo dinheiro dos impostos e agora todos os governos fazem precisamente o contrário do que se defende a República…?

Mas há casos que eu fico perplexo, é preciso haver um hospital em cada concelho da Área Metropolitana de Lisboa? Mas para quê…? Alguns concelhos da Área Metropolitana de Lisboa é que necessitavam urgentemente de hospitais públicos e que abrangem o maior número de pessoas como são os casos de Lisboa, Sintra, Loures e Mafra. Dois hospitais no concelho de Sintra (ou um em Sintra e outro na Amadora, para receber a parte mais oriental do concelho de Sintra), três em Lisboa, um em Loures e outro em Mafra não era suficiente para abranger? Para quê Cascais ter um hospital que só vai ser servido maioritariamente utentes do Concelho de Sintra? Para quê um hospital em Odivelas e outro em Loures se o Loures abrange Loures e Odivelas? Para quê só haver um Hospital de Santa Maria e o Novo Hospital de Todos os Santos (que têm autorização da Troika para construírem e explorarem em regime de Parceria Público-Privada) em Lisboa se os que já existiam serviam o suficiente para várias franjas do Concelho de Lisboa e também de Oeiras? Fica aqui a reflexão…

Mas o que mais incomoda são os beneficiários de dinheiros públicos…

Agora questiono ao caro leitor: Sabe porquê que o Banco Espírito Santo não pediu resgate financeiro, previsto no fundo de resgate de Doze Mil Milhões de Euros (12 000 000 000,00 Euros) concedido pela Troika? A resposta é, o BES é um dos maiores beneficiários das concessões de parcerias público privadas na saúde e nas auto-estradas com a Ascendi. São cerca de Dois Mil Milhões de Euros (2 000 000 000,00 Euros) que são dados dos contribuintes ao BES! Por isso que o BES nunca vai recorrer ao fundo! Mas o que é mais escandaloso, é a demasiada influência que a família Espírito Santo têm com os Governos da República e o excesso de informação privilegiada que os governantes cedem! Será que não poderiam cortar aqui o mal pela raiz…?

Mas o que também deixa incomodado são as parcerias público-privadas que são 100% estatizadas. O meu caro leitor deve questionar: para que servem essas…? Simplesmente para dar empregos aos ‘boys and girls da pior’ espécie que estão ligados aos partidos políticos com assento parlamentar central e local! Mas não é só os partidos do arco da governação!... Os partidos mais à esquerda como o Bloco de Esquerda e o PCP colocam, pelo menos, um dos seus amigos para prestar serviços de águas e saneamento nos concelhos que são liderados pelos seus autarcas!

Existe meio de evitar tudo isto? Claro que sim!

Já que se fala em cortar Quatro Mil Milhões de Euros (4 000 000 000,00 Euros), que se diz que a Troika exige, e agora com os cerca de Mil e Trezentos Milhões de Euros (1 300 000 000,00 Euros) com chumbo das medidas do Orçamento de Estado para 2013, o Estado pode, e deve, fechar estas empresas e delegar as competências às autarquias ou às Águas de Portugal, que têm a maioria das concessões! Esta cessação de curto prazo que pode ser aplicado custa aos contribuintes Seis Mil Milhões de Euros (6 000 000 000,00 Euros) que daria perfeitamente para pagar estes encargos que de última hora surgiram e ainda sobrava para gastar em rescisões ou até mesmo fazer a famosa Reforma do Estado.

Outra das medidas a ter que ser adoptada é apertar mais com as empresas que têm empresas em paraísos fiscais, como o Luxemburgo que foi citado anteriormente, para que o Estado tenha a capacidade de recuperar.

Nas Auto-Estradas, não se construía mais nenhuma auto-estrada e retroceder o Plano Nacional Rodoviário que definia as categorias das vias como já adoptam na Europa (hierarquicamente: auto-estradas, vias rápidas, estradas nacionais, estradas municipais e arruamentos urbanos).

Também temos um enorme escândalo que ainda está na memória dos portugueses, o escândalo do Banco Português de Negócios. Como sabemos, o buraco da fraude do BPN vai entre os 6 e os 7 Mil Milhões de Euros mas como ainda recebe Cinquenta Milhões, Seiscentos, Cinquenta e Seis Mil Euros (50 656 000,00 Euros) de concessões no sector da saúde e da segurança pública! Aqui o Governo deve colocar travões a fundo sobre a Galilei, apesar de haver concessões que estão previstas a sua caducidade de concessão já em 2014.

Agora pergunto ao nosso caro leitor:

- Não há indícios de violação clara dos artigos 22.º e 117.º da Constituição da República Portuguesa que cito-os:

 

ARTIGO 22.º

(RESPOSNABILIDADE DAS ENTIDADES PÚBLICAS)

O Estado e as demais entidades públicas são civilmente responsáveis, em forma solidária com os titulares dos seus órgãos, funcionários ou agentes, por acções ou omissões praticadas no exercício das suas funções e por causa desse exercício, de que resulte violação dos direitos, liberdades e garantias ou prejuízo para outrem.

(…)

ARTIGO 117.º

(ESTATUTO DOS TÍTULARES DE CARGOS POLÍTICOS)

1. Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelas acções e omissões que pratiquem no exercício das suas funções.

 

2. A lei dispõe sobre os deveres, responsabilidades e incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, as consequências do respectivo incumprimento, bem como sobre os respectivos direitos, regalias e imunidades.

 

3. A lei determina os crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, bem como as sanções aplicáveis e os respectivos efeitos, que podem incluir a destituição do cargo ou a perda do mandato.

 

A resposta que eu diria é SIM! Porque todos andaram a proteger os seus amigos que andaram envolvidos nestas mesmas empresas que são parceiros privados nestas mesmas parcerias. Vejam as influências que todos andaram envolvidos…? Alguém os pune…?
 
 
Post Scriptum - Assim que possível, em substituição deste post scriptum, será colocado um esquema da Teia das Parcerias Público-Privadas.

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